O que é a dalmática? Uso, origem e significado.
- Colarinho Romano
- 24 de abr. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de jul. de 2022
Atualmente, a dalmática é a veste litúrgica própria dos diáconos. Sua origem está relacionada à Dalmácia, uma região da Croácia, onde era utilizada por pessoas da alta sociedade.
Por volta dos séculos II e III, em Roma, esta veste era uma túnica branca, com mangas largas e muitos adornos, características ainda presentes em alguns modelos.
Na liturgia, a dalmática simboliza a realeza e o serviço de Cristo.
Quando incorporada na liturgia, a dalmática era uma veste exclusiva do papa. Por volta do século IV, os diáconos de Roma e os bispos passaram a utilizá-la, demonstrando sua unidade com o Pontífice Romano.
Mais tarde o uso se estendeu a todos os diáconos da Santa Igreja e, com o tempo, acabou por tornar a dalmática numa veste própria deste grau da Ordem.
Na Igreja de rito romano, é comum encontrar a dalmática em três modelos: a gótica, a romana e a pontifical. E embora se diga que é a veste própria dos diáconos, seu uso continua previsto aos bispos!
A obrigatoriedade e o uso para diáconos
A dalmática é obrigatória ao diáconos em todos os domingos e solenidades. Porém, como pede a Redemptionis Sacramentum (n.125), deve-se evitar o uso da faculdade de omitir a dalmática.
Isto significa que, embora a Igreja permita que os diáconos sirvam o altar sem dalmática nas missas feriais (Cerimonial dos Bispos, n.67), é recomendável que não o façam. As vestes litúrgicas têm a função de distinguir os diferentes ministérios na liturgia e, assim como o sacerdote deve usar casula, convém que o diácono utilize dalmática.
No diácono, a dalmática sempre vai por cima das demais vestes. Assim, temos essa ordem de vestição: amito, alva, cíngulo, estola e dalmática. O conjunto de amito e alva pode ser substituído por uma túnica branca de gola fechada, e o cíngulo é opcional quando não se usa alva.
A obrigatoriedade e o uso para bispos
Porque possui a plenitude do sacramento da Ordem, o bispo utiliza conjuntamente a veste do diácono e do presbítero ao menos nas Missas mais solenes. A dalmática própria para uso dos bispos é comumente chamada de Dalmática Pontifical.
O Cerimonial dos Bispos (n.56) recomenda que o bispo utilize aa dalmática por baixo da casula sempre que celebrar solenemente, sobretudo nas missas de ordenação, nas bençãos de abade e abadessas, e na dedicação da Igreja e do altar. A cor desta veste pode ser sempre branca, ou seguir a cor litúrgica do dia.
Como o bispo é sacerdote, a casula sempre vai por cima da dalmática. Então, temos a seguinte ordem de vestição: amito, alva, cíngulo, estola, cruz peitoral (com cordão litúrgico), dalmática pontifical e casula.
Os arcebispos utilizam ainda, por cima da casula, o pálio arquiepiscopal. As opções a respeito do uso da alva e do cíngulo também se aplicam ao bispo.
O Cerimonial dos Bispos (n.61) atesta que o a cruz peitoral é usada por baixo da casula ou da dalmática (quando usada). No entanto, os bispos do Brasil utilizam a cruz peitoral sobre a casula por causa de uma nota publicada em 1997 pela Congregação para o Culto Divino.
Segundo esta nota, que se encontra em italiano e inglês, a prática de usar a cruz peitoral sobre a casula, embora seja uma característica própria do rito ambrosiano e algumas liturgias orientais, é amplamente aceita na liturgia romana, pois distingue o ministério episcopal dos demais sacerdotes (presbíteros).
Em vista disso, fica a critério do bispo usar a cruz por baixo ou por cima da casula.
Modelos de dalmática
A dalmática gótica, modelo mais comum de se encontrar, é uma veste ampla, mas tanto quanto a alva. Sua mangas são largas e curtas, seu corpo é aberto nas laterais.
A dalmática romana, por sua vez, é como uma dalmática com aparência de armadura. Suas características são similares à gótica, mas costuma ser mais larga do que o normal e suas mangas possuem um recorte que lhe dão a aparência de ombreiras.
A dalmática pontifical é apenas uma dalmática gótica ou romana sem muitos ornamentos. Recebe esse nome por causa do ministro que a usa: o bispo. Normalmente é feita de um tecido mais leve e fino, mas de qualidade.
Todos os três modelos devem conter duas faixas verticais (clavi) unidas por uma ou duas faixas horizontais (segmentae). A dalmática gótica e a romana podem ter muitos ornamentos, fitas, brocados e debruns; a pontifical, como sobredito, costuma ser simples.
Podem sempre ser brancas ou seguirem a cor litúrgica do dia. Porém, nos dias penitenciais (como no Advento e na Quaresma) é prescrito o uso da cor roxa.
Referências
Dicionário Elementar de Liturgia. José Aldazábal. Paulinas, 2007.
Cerimonial dos Bispos. Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Paulus, 2001.
Instrução Redemptionis Sacramentum. Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Paulinas, 2004.
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