Omitiu um pecado mortal? Saiba sua difícil obrigação.
- Colarinho Romano
- 9 de jul. de 2022
- 3 min de leitura

Como se sabe, para a validade de uma confissão é necessário acusar todos os pecados mortais cometidos desde a última confissão bem feita. Mas pode acontecer de que algum seja esquecido. Neste caso, o que devemos fazer quando esquecemos de acusar um pecado mortal na confissão? Mais uma vez, São Pio X nos dá uma firme resposta.
Primeiro, é necessário considerar a omissão e os dois tipos de esquecimento: o voluntário e o involuntário. Depois, mediante as circunstâncias, dizer se a confissão foi boa ou não. Dentre as circunstâncias, leva-se em consideração também o fato de o pecado ter sido lembrado posteriormente à confissão sacramental.
Por omissão, entende-se o ato de omitir voluntariamente um pecado, independente do motivo, durante a confissão sacramental.
Por esquecimento voluntário, entende-se aquele ato em que a pessoa se esforça para esquecer determinado pecado, independente do motivo para tal, o que também se configura uma forma de omissão.
E por esquecimento involuntário, entende-se o acidente de esquecer determinado pecado, sem que o penitente tenha intencionado e procurado meios para ocorrer este fato.
No n. 751 do Catecismo Maior, São Pio X afirma que fez uma boa confissão aquela pessoa que se esqueceu de algum pecado mortal, desde que tenha se esforçado para fazer um bom exame de consciência. Obviamente, o esquecimento apontado neste número se trata do involuntário, pois, como já se disse, o esquecimento voluntário é uma forma de omissão.
No número seguinte, afirma que, caso o pecado esquecido (involuntariamente) retorne à lembrança, o fiel deve acusa-lo na confissão seguinte. Quem não cumpre este propósito, parece cair no pecado da omissão, que é tratado nos números seguintes.
O n. 753 afirma que aqueles que omitem voluntariamente um pecado mortal, independente do motivo (como vergonha, por exemplo), profanam o Sacramento da Penitência e se tornam réus do gravíssimo pecado de sacrilégio. Ou seja, é um ato terrível esconder do sacerdote um pecado mortal, seja omitindo voluntariamente, seja procurando esquecer o pecado antes de confessar.
Não há como amenizar esta proposição de São Pio X. Uma vez que o fiel entende o que é necessário para receber o Sacramento e o respeito devido ao que é sagrado, atentar contra a integridade e validade do Sacramento é um ato terrível. É importante tratar os fatos como são. Procurar palavras mais doces para um assunto tão sério não levaria as pessoas a uma profunda mudança de vida.
Mas Deus é maravilhoso e misericordioso! Há perdão para quem comete tal sacrilégio. Por isso, no n. 754, São Pio X ensina o que deve fazer aquele que omitiu pecado voluntariamente, e é esta a difícil obrigação que motivou o título deste artigo: o penitente deve expor ao confessor o pecado ocultado, dizer em quantas confissões o ocultou e repetir todas as confissões, desde a última bem feita.
Portanto, aquele que esconde determinado pecado, invalida a confissão. Isto ocorre porque, estando réu do pecado do sacrilégio, não pode obter perdão sacramental. Assim, aquele que omitiu determinado pecado em várias confissões, invalidou todas elas e deve repeti-las para obter o perdão.
Essa obrigação é difícil, pois implica relembrar tudo o que se fez. Assim, aquele que omite um pecado por vergonha, passará por maior vergonha ao ter que recontar ao sacerdote os seus atos pecaminosos, independentemente de quais sejam.
À vista disso, melhor é fazer uma boa confissão! Para que correr tais riscos se podemos ser sinceros e honestos com Deus desde o início? Para ajudar-nos, São Pio X coloca ainda alguns conselhos para quem tem vergonha de se confessar:
Considerar que não teve vergonha de pecar diante de Deus, que tudo vê;
Considerar que é melhor manifestar os pecados ao confessor em segredo do que viver inquieto no pecado, ter uma morte infeliz, e ser por isso envergonhado no dia do Juízo universal, sendo assistido pelo mundo inteiro;
Considerar que o confessor é obrigado a guardar sigilo sacramental sob pecado gravíssimo, podendo sofrer penas temporais e eternas caso o quebre.
Todos desejamos a salvação. Encurtaria nosso caminho caso nos dispuséssemos a viver plenamente a vida cristã, dispondo honesta e integramente dos Sacramentos para crescer na santidade. Por isso, é estritamente necessário tomar o Sacramento da Penitência com seriedade e sacralidade, buscando humilde e sinceramente o perdão diante de Deus.
Que Maria Santíssima interceda por nós!
Bibliografia
Catecismo Maior de São Pio X. Goiânia: América, 2009.
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