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O venerável uso da batina


História

A batina, chamada também de hábito talar, é uma ampla veste que se estende até o calcanhar. Sua origem é associada aos monges, que costumavam utilizar longas vestes negras como sinais de sua consagração.


No latim, talus significa calcanhar.

Com o tempo, o seu uso foi estendido a todos os sacerdotes, bem como àqueles que se preparam para o sacerdócio (conhecidos como "seminaristas"), ganhando detalhes ricos em significados.



Simbologia


A batina possui 33 botões à frente, simbolizando a idade com que Cristo sofreu a Paixão e ressuscitou gloriosamente. Possui 5 botões em cada manga, simbolizando as cinco chagas de Nosso Senhor, e algumas mais tradicionais possuem, ainda, 7 botões nos antebraços, lembrando os 7 sacramentos da Santa Mãe Igreja.


O colarinho branco lembra a pureza que o ministro necessita possuir para desempenhar santamente o ministério sacerdotal.


A veste pode ser acompanhada de uma faixa que pende sobre a perna esquerda e é ornada com franjas. Na prática, sua utilidade é ajustar a batina ao corpo, mas simbolicamente traz o sentido de estar pronto para o serviço e o domínio do fogo das paixões, conforme antigo costume judaico.


Por fim, pode ser munida de peregrineta (ou romeira), uma pequena capa aberta na frente que, como o próprio nome denuncia, é a veste dos peregrinos.



Cores


Padres, diáconos e seminaristas:

Os padres, diáconos e seminaristas devem utilizar a batina e a faixa inteiramente negras, sendo normalmente reservado aos presbíteros o uso da romeira.


Os seminaristas, os diáconos permanentes, bem como os leigos que desempenham o papel de cerimoniários na liturgia, utilizam a batina de acordo com as normas diocesanas estabelecidas pelo Ordinário local.


Os cônegos utilizam, na liturgia, a batina negra com faixa e detalhes na cor violácea (debruns e botões, por exemplo). No entanto, devem utilizar batina negra no cotidiano, sem o uso da romeira.


Os monsenhores capelães de sua santidade utilizam, na liturgia e em ocasiões solenes fora dela, a batina inteiramente negra com faixa e detalhes violáceos. No quotidiano, utilizam batina inteiramente negra, sem faixa e sem peregrineta.


Os prelados de honra e os protonotários apostólicos utilizam, como veste coral, batina e faixa violáceas. Para ocasiões solenes fora da liturgia, batina preta com detalhes em vermelho e faixa violácea, excluindo o uso da romeira. No dia a dia, batina preta sem faixa nem peregrineta.


Epíscopos:

Os bispos utilizam, na liturgia, a batina, a faixa e a peregrineta inteiramente violáceas, exceto pelos detalhes e pelas mangas, que devem ser em vermelho. Para ocasiões solenes fora da liturgia, batina e romeira na cor negra com detalhes em vermelho e faixa violácea. No quotidiano, os bispos utilizam talar negra, sem faixa e sem romeira, ou o hábito religioso, caso o prelado pertença a uma congregação religiosa.


Os cardeais, por sua vez, utilizam batina e romeira na cor preta com detalhes e faixa em vermelho. Na liturgia, utilizam batina, faixa e romeira inteiramente vermelhas.


Via de costume, o Papa utiliza sempre a batina, a faixa e a peregrineta inteiramente brancas. A faixa pode ter o brasão papal bordado na ponta que pende, a qual pode ser ornada de franjas douradas.



Em países tropicais, como o Brasil, a Sé Apostólica permite o uso da batina branca a todos os sacerdotes, mas a cor dos detalhes, dos botões e da faixa acompanham a dignidade de quem usa: preto para padres, violáceo para prelados e vermelho para cardeais.



Considerações Finais


A batina é um sinal, tanto para o padre, como para o fiel. Ela aponta para o alto. A pessoa que a vê é forçada a lembrar-se que Deus existe, e o padre que a usa é forçado a lembrar-se que não é uma pessoa comum, mas um representante de Deus, e que deve agir como tal, sendo luz para aqueles que o cercam.


A batina é um sinal de mortificação e penitência, pois independente do clima e da ocasião, seja no frio ou no calor, o padre usa sempre a mesma veste, ficando livre da vaidade de escolher a roupa que vai usar.


A batina distingue o padre da multidão, tornando-o fácil de ser encontrado pelos fiéis que necessitam de auxílio.


Poderíamos citar inúmeras qualidades e vantagens de tal veste, mas preferimos encerrar falando que, muito embora "o hábito não faça o monge", ao menos o identifica.

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