O que é a Quarta-feira de Cinzas?

A celebração das cinzas, que pode ser realizada dentro da Missa ou de uma Celebração da Palavra, marca o início do período da Quaresma, e é documentada no Ocidente já pelo século VIII. Nesse dia, não se pode celebrar nenhuma festa ou memória, que devem ser transferidas para o dia seguinte, se não houver impedimento.

A cinza recorda ao fiel a pequenez humana, sobretudo pela fórmula “Lembra-te de que és pó, e ao pó retornarás”, sendo um ponto de partida para o desejo e o empenho na conversão pessoal.

Considerações Litúrgicas

As cinzas devem ser feita com os ramos que foram abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior, contudo, se o número de ramos não for suficiente, pode-se ajuntar a ramos secos de outras árvores e queimá-los num recipiente grande o suficiente.

O ideal é que os fiéis guardem os ramos bentos em suas casas depois do Domingo de Ramos e os levem à paróquia quando a Quarta-feira de Cinzas se aproximar novamente.

Na missa, o ato penitencial é omitido em virtude do rito de imposição da cinzas, que é realizado após a homilia. O sacerdote abençoa as cinzas e um ministro idôneo impõe as cinzas sobre sua cabeça, depois o referido sacerdote aproxima-se do povo para impor as cinzas utilizando um dos formulários previstos.

Todavia, em virtude da pandemia, a Santa Sé modificou o rito para esse ano. O sacerdote deverá recitar a fórmula de imposição diante de todo o povo, depois se aproximará dos fiéis para impor as cinzas sem tocá-los, mas apenas soltando-as sobre suas cabeças e sem nada dizer. Enquanto isso, canta-se um canto penitencial adequado.

Disposições para a Quaresma e a Semana Santa

Jejum:

Estão obrigados ao jejum todos os fiéis que tiverem idade entre 18 anos completos e 60 anos começados, conforme o cân. 1252.

O cân. 1251 prescreve a obrigatoriedade do jejum na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão, não podendo comutá-lo por outra penitência. A não observância incorre em pecado mortal, segundo a Constituição Apostólica Paenitemini (17/02/1966), do Papa São Paulo VI. O jejum da Igreja, conforme o referido documento, consiste em:

1º. Fazer uma única refeição completa no dia.

2º. Pode-se fazer uma segunda refeição no mesmo dia, menor em quantidade, mas apenas em caso de necessidade, como, por exemplo, problemas de saúde.

Abstinência de carne:

Estão obrigados à abstinência de carne todos os fiéis que tiverem catorze anos de idade ou mais, conforme o cân. 1252.

O cân. 1251 prescreve a obrigatoriedade da abstinência de carne em todas as sextas-feiras do ano, inclusive as da Quaresma, exceto coincidam com alguma solenidade.

Por decreto da CNBB e aprovação da Santa Sé, pode-se substituir a abstinência por outra forma de penitência, sobretudo por obras de caridade (CNBB – Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil, 2010).

Entretanto, a abstinência fica terminantemente obrigatória na Sexta-feira da Paixão, não podendo ser comutada por outra penitência.

Para lucrar indulgência plena:

Os fiéis têm a oportunidade de lucrar indulgência plenária ao cumprirem as disposições (Confissão, Comunhão Sacramental, desapego do pecado e oração pelo Santo Padre) e realizarem uma das seguintes obras:

1. Adorar ao Santíssimo Sacramento por, pelo menos, meia hora.

2. Ler a Bíblia Sagrada por, pelo menos, meia hora.

3. Meditar piedosamente a Via-Sacra, em procissão diante das 14 estações nas cruzes ou quadros erigidos legítima e oficialmente.

4. Fazer exercícios espirituais por pelo menos 3 dias (aqui recomendamos os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e as Meditações de São Tomás de Aquino para a Quaresma).

5. Recitar piedosamente, numa sexta-feira, a oração En ego, o bone et dulcissime Iesu, diante de uma imagem de Jesus crucificado.

6. Participar piedosamente da Adoração à Santa Cruz no solene ato litúrgico da Sexta-feira da Paixão.

7. Receber piedosamente a benção papal Urbi et Orbi, ainda que por televisão ou rádio.

Para lucrar indulgência parcial:

1. Adorar ao Santíssimo Sacramento por menos de meia hora.

2. Abster-se, por livre vontade e em espírito de penitência, de alguma coisa lícita e agradável.

3. Recitar piedosamente o hino Adoro Te, Devote.

4. Recitar piedosamente a oração do Angelus pela manhã, ao meio-dia ou à tarde.

5. Recitar piedosamente a oração Anima Christi como ação de graças após a Santa Missa.

6. Fazer Comunhão Espiritual.

Considerações Finais

A quaresma é um tempo propício para conversão e interioridade, cabe-nos aproveitar este tempo para nos reconhecermos pecadores e buscarmos a salvação oferecida por Deus.

Nosso site disponibilizará, na medida do possível, numa aba chamada “Orações”, todas as orações acima citadas, em latim e em português, para que nossos leitores tenham acesso à essa excelente oportunidade.

In corde Iesu, semper!