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As seis cores litúrgicas do Rito Romano

Fazendo uma pequena pausa na série de postagens sobre o Sacramento da Penitência, tratemos das cores litúrgicas previstas, ou de alguma maneira incorporadas, na tradição litúrgica do rito romano. As cores oficiais são: verde, vermelho, roxo, branco, róseo e preto. Por incrível que pareça: dourado, prateado e azul não são exatamente oficiais.


O verde, cor da esperança, é usado nos Ofícios e Missas do Tempo Comum.


O vermelho simboliza o amor, o fogo e a paixão dos mártires. É usado no domingo da Paixão (ou de Ramos) e na Sexta-feira da Semana Santa, no domingo de Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor — como a Exaltação da Santa Cruz —, nas festas dos Apóstolos e Evangelistas e nas celebrações dos Santos Mártires.


O roxo é uma cor penitencial, usado no Tempo do Advento e da Quaresma, assim como nos Ofícios e Missas dos Fiéis Defuntos. Pode ser usado também nas Missas com formulários de caráter penitencial durante o Tempo Comum, como a Missa pelo perdão dos pecados.


O branco simboliza pureza, santidade e alegria. Seu uso se dá: nos Ofícios e Missas do Tempo Pascal e do Natal do Senhor; nas celebrações do Senhor — exceto as de suas Paixão —, da Bem-aventurada Virgem Maria, dos Santos Anjos e dos Santos não Mártires; na Solenidade de Todos os Santos e Natividade de São João Batista; e nas festas de São João Evangelista, da Cátedra de São Pedro e da Conversão de São Paulo.


O preto é a cor do luto no Ocidente. Sendo facultativo, pode ser usado como um substituto ao roxo nos Ofícios e Missas pelos Fiéis Defuntos (e recomendamos devotamente o seu uso), especialmente no dia 2 de novembro, quando a Igreja reserva o cuidado de rezar por todos os fiéis falecidos.


O róseo, por fim, é usado no 3º domingo do Advento e no 4º da Quaresma. Todavia, seu uso é facultativo, podendo ceder seu lugar ao roxo do tempo celebrado. Significa uma alegria antecipada da festa que se aproxima.


Embora poucos saibam disso, o dourado e o prateado não são cores oficiais da liturgia romana. Seu uso se encaixa numa categoria chamadas “cores festivas” prevista no Missal Romano. Num dia mais solene, o sacerdote pode substituir a cor do dia pelo dourado ou prateado, desde que a cor do dia não seja roxo.


Sendo assim, o dourado e o prateado são substitutos do verde, do vermelho e do branco em dias solenes.


Inclusive, contam alguns padres mais velhos que havia um antigo costume de presentear um neo-sacerdote com uma casula romana dupla-face: de um lado dourado; do outro, roxo. Assim, caso ele não possuísse todos os paramentos, poderia usar a face dourada para celebrar nos dias comuns e a face roxa nos dias penitenciais, até que pudesse adquirir mais casulas.


O azul, embora seja uma cor marcada como mariana, também não faz parte da liturgia romana. Seu uso, por tradição, é permitido nos detalhes e ornamentos dos paramentos, nos quais uma cor prevista deve prevalecer (normalmente o branco, o prateado ou o dourado).


Diz-se que a Espanha (e suas colônias), por ter sido um país decisivo para a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, recebeu privilégio do Papa Pio IX para usar paramentos completamente azuis em 08 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição.


O Brasil não está contemplado com o privilégio! Portanto, é reprovável o uso de paramentos completamente azuis por aqui, exceto para aquelas congregações religiosas que tenham conseguido o privilégio.


Vale ressaltar algo presente no documento Redemptionis Sacramentum, n.127:


Esta faculdade, que também se aplica adequadamente aos ornamentos fabricados há muitos anos, a fim de conservar o patrimônio da Igreja, é impróprio estendê-la às inovações, para que assim não se percam os costumes transmitidos e o sentido que estas normas da tradição não sofram menosprezo, pelo uso de formas e cores de acordo com a inclinação de cada um [...].

Nesse sentido, cores como o creme e o marrom não são litúrgicas, pois não são oficiais e não se encaixam na categoria “festiva”. São cores que não expressam solenidade e, embora sejam vendidas em lojas de paramentos, devem ser evitadas, como o documento deixa explícito. Ainda no mesmo número, a Redemptionis Sacramentum esclarece que somente o dourado e o prateado são cores não-oficiais permitidas para o uso comum.


In corde Iesu, semper,
Colarinho Romano.

Bibliografia


Instrução Geral do Missal Romano. Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. CNBB, 2002.

Instrução Redemptionis Sacramentum. Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Paulinas, 2004.

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