A Santíssima Trindade, segundo Fulton Sheen
- Colarinho Romano
- 13 de jun. de 2022
- 3 min de leitura
O último domingo que celebramos, a solenidade da Santíssima Trindade, é, sem dúvida alguma, um dos domingos mais importantes em nosso calendário litúrgico e, simultaneamente, um dos mais difíceis.
O que podemos falar deste Deus Uno e Trino, de maneira que alcancemos tudo aquilo que Ele é e merece? Certamente, nada. Nada que falemos alcançará todo o Ser divino. Todavia, podemos contemplar a pequena parte que Ele nos revelou, e isso é suficiente para abrasar nossos corações, fazendo-nos desejar o céu.
O Venerável Fulton Sheen, em uma alocução proferida por rádio, em 9 de março de 1930, conseguiu perscrutar de maneira apaixonada este augusto mistério.
Deus Pai já se revelou a nós quando, falando com Moisés na sarça, apresentou-se como o “Eu sou”, o Deus eterno, que libertou Israel da escravidão no Egito. Mas, como sabemos que Deus é Trindade? Para Fulton Sheen, podemos usar comparações para alcançar uma fagulha deste belíssimo mistério que nos faz arder de amor.
Segundo ele, quando pensamos, falamos ou escrevemos, estamos comunicando algo de nós. Um professor, por exemplo, sabe distinguir cada aluno pela letra que escreve, pois cada um tem o seu modo próprio de pensar, a sua caligrafia e etc., e transmite a sua própria imagem naquilo que faz. Em Deus, isso se realiza perfeitamente, pois Ele é infinito.
Quando Deus pensa, o seu pensamento comunica tudo de si; quando Deus fala, a sua palavra comunica tudo de si; numa única palavra, num único pensamento, Deus comunica tudo, não precisando dizer ou pensar qualquer outra coisa; e comunica tão perfeitamente que gera uma Pessoa, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Verbo de Deus, o Filho, que é igualmente Deus.
A primeira Pessoa da Trindade é chamada de Pai porque gerou a segunda Pessoa. A segunda Pessoa da Trindade é chamada de Filho porque foi gerada pelo Pai. E ambos estão juntos desde toda a eternidade.
Conforme Fulton Sheen, a terceira Pessoa, por sua vez, é gerada no amor mútuo do Pai e do Filho. O Pai ama o Filho perfeitamente, e o Filho ama o Pai perfeitamente. O amor, como podemos observar em nosso cotidiano, também comunica algo de nós. Cada pessoa tem a sua forma de demonstrar amor e de se sentir amada. O amor gera cor, gera beleza, gera vida! E o amor do Pai e do Filho é tão perfeito, que também comunica tudo de si e gera uma Pessoa.
Essa Pessoa se expressa como aquele suspiro profundo que damos quando alcançamos uma dádiva ou um momento de paz e tranquilidade. Todavia, o suspiro que manifesta a terceira Pessoa da Santíssima Trindade é eterno, absoluto, infinito. Por isso a Terceira Pessoa é chamada de Espírito Santo.
Como tudo isso se dá, não sabemos, mas cremos porque o próprio Cristo no ensinou: “Porém quando vier o Espírito da Verdade, Ele vos ensinará toda a Verdade”.
Três em um só, Pai, Filho e Espírito Santo; três Pessoas num só Deus. Podemos, aqui, recorrer a uma comparação: assim como eu sou, conheço e amo e, contudo, sou um; assim como os três ângulos de um triângulo não fazem três triângulos, mas um só; assim como a água, o gelo e o vapor são três manifestações de uma única substância; assim, de um modo muito mais misterioso, há em Deus três Pessoas e um só Deus. O mistério de um amor que transbordou, e gerou a nossa vida na Criação.
Rezemos para que Deus nos conserve na humildade, pois a Sabedoria é dada aos pequeninos, não aos grandes. Que Ele nos permita entender as realidades do céu, não para tentar entende-lo como a um objeto de estudo, mas para contemplá-lo, amá-lo e deseja-lo de tal maneira, que nos esforcemos pela santidade.
Que Maria Santíssima, aquela que concebeu Deus Filho segundo a carne, interceda por nós e nos conceda perseverança, a fim de que possamos enfrentar as dificuldades que esse mundo moderno impõe sobre aqueles que permanecem fiéis à verdadeira fé.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Bibliografia
Fulton J. Sheen. O Divino Romance. Salvador: Mensageiro da Fé, 1952.
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